segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Horizontes da poesia

Bemvindos !

Para a abertura deste blog, escolhi o poeta Antonio Gedeao e é da "àgua" deste poema que beberemos juntos,preparados ?
Aqui vai...

Pedra Filosofal

Eles não sabem que o sonho
É uma constante da vida
Tão concreta e definida
Como outra coisa qualquer
Como esta pedra cinzenta

Em que me sento e descanso
Como este ribeiro manso
Em serenos sobressaltos
Como estes pinheiros altos

Que em verde e oiro se agitam
Como estas aves que gritam
Em bebedeiras de azul
Eles não sabem que sonho

É vinho, é espuma, é fermento
Bichinho alacre e sedento
De focinho pontiagudo
Em perpétuo movimento
Eles não sabem que o sonho

É tela, é cor, é pincelBase, fuste ou capitel
Arco em ogiva, vitral,
Pináculo de catedral,
Contraponto, sinfonia,
Máscara grega, magia,
Que é retorta de alquimista
Mapa do mundo distante

Rosa dos ventos, infante
Caravela quinhentista
Que é cabo da boa-esperança
Ouro, canela, marfim

Florete de espadachim
Bastidor, passo de dança
Columbina e arlequim
Passarola voadora

Pára-raios, locomotiva
Barco de proa festiva
Alto-forno, geradora
Cisão do átomo, radar

Ultra-som, televisão
Desembarque em foguetão
Na superfície lunar
Eles não sabem nem sonham

Que o sonho comanda a vida
E que sempre que o homem sonha
O mundo pula e avança
Como bola colorida
Entre as mãos duma criança !/

Manuel Freire é o genial autor da musica

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