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Boas a todos !
Aqui vai a minha singela homenagem a esta grande senhora.
Deixo-vos pois alguns poemas
Rosa Lobato de Faria
Rosa Lobato de Faria nasceu em Lisboa em Abril de 1932.
Poeta e romancista, o essencial da sua poesia está reunido no volume Poemas Escolhidos e Dispersos, de 1997.
Em 1999, na ASA, publica A Gaveta de Baixo, um longo poema inédito acompanhado por aguarelas do pintor Oliveira Tavares.
O seu primeiro romance, O Pranto de Lúcifer, veio a público em 1995. Seguiram-se-lhe Os Pássaros de Seda (1996), Os Três Casamentos de Camilla S. (1997), Romance de Cordélia (1998), O Prenúncio das Águas (1999, Prémio Máxima de Literatura em 2000) e A Trança de Inês (2001).
Com os seus dois primeiros romances já traduzidos na Alemanha, a autora - hoje uma referência obrigatória na nova ficção portuguesa - viu recentemente o seu romance O Prenúncio das Águas publicado em França, com a prestigiada chancela das Éditions Métailié".
Poemas
de Rosa Lobato Faria
Quem me quiser há-de saber as conchas
a cantiga dos búzios e do mar.
Quem me quiser há-de saber as ondas
e a verde tentação de naufragar.
Quem me quiser há-de saber as fontes,
Quem me quiser há-de saber as fontes,
a laranjeira em flor, a cor do feno,
a saudade lilás que há nos poentes,
o cheiro de maçãs que há no inverno.
Quem me quiser há-de saber a chuva
Quem me quiser há-de saber a chuva
que põe colares de pérolas nos ombros
há-de saber os beijos e as uvas
há-de saber as asas e os pombos.
Quem me quiser há-de saber os medos
Quem me quiser há-de saber os medos
que passam nos abismos infinitos
a nudez clamorosa dos meus dedos
o salmo penitente dos meus gritos.
Quem me quiser há-de saber a espuma
Quem me quiser há-de saber a espuma
em que sou turbilhão, subitamente
Ou então não saber coisa nenhuma e
embalar-me ao peito, simplesmente.//
Canto do Homem do leme
Sem termos o segredo das baleias
Nem mesmo o voo raso da gaivota
Vencemos o feitiço das sereias
Fizemos da esperança a nossa rota
Tivemos medo,fome e ventania
Morremos de escorbuto e de saudade
Achamos neste cheiro a maresia
A magia da nossa eternidade
E mesmo quando a sombra de um gigante
Amotinou o mar medonhamente
Levados por um sonho delirante
Seguimos nosso rumo sempre em frente
Voltamos perfumados de canela
Rosas de vento presas no cabelo
Ou a boiar à ré das caravelas
Ficamos sob a luz do serestrelo
Os capitaes os nobres ou sob'ranos
Puderam sob o mundo erguer a voz
Mas quem rasgou o corpo aos Oceanos
Foi a grei porque os Gamas somos nos.//
Lisboa a namorar
Corteza das minhas noites
Donzela do sol a pino
Miuda a pedir açoites
Mulher do meu desatino
Menina das Amoreiras
Peixeira da beira-mar
Todas sâo namoradeiras
é Lisboa a namorar!
Ai Lisboa quem pudesse
Ser a proa da fragata
Que rompe quando anoitece
o teu vestido de prata
afagar com dedos brandos
Como beijos às marés
Tua boca de morangos
Vendida no Cais ' Sodré
A primeira mostra o peito
A segunda a roupa branca
A terceira é sem defeito
A quarta rebola a anca
é Lisboa em todas elas
A mostrar em cada uma
As rendinhas amarelas
Do seu saiote de espuma.//
Si je meurs un matin,
Ouvre la fenêtre doucement
Et regarde avec passion ce jour que je n'aurai plus.
Ne me pleure pas. Je ne serai pas triste.
Avoir eu la nuit est plus que je ne le mérite
Car je ne connais même pas celle d'où je viens.
Laisse entrer un peu d'air dans la maison
Et un morceau de ciel,
Le seul que je connaisse.
Peut-être qu'un oiseau me prendra sous son aile.
Ne pas savoir voler
Fut toujours ma loi.
Ne cherche pas mon haleine sur le miroir.
Ne chuchote pas mon nom, je ne viendrai pas
Et du mystère, rien, je ne te soufflerai.
Dis que je ne suis pas là, si l'on frappe à la porte.
Laisse-moi jouer mon rôle de morte.
Ne plus être, est de la mort, tout ce que je sais. //
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